O Comitê Técnico da Educação do Instituto Rui Barbosa (CTE-IRB), o Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) e 26 Tribunais de Contas lançaram, na tarde desta sexta-feira, 19, os resultados da pesquisa “A Educação Não Pode Esperar”, um mapeamento de iniciativas de redes públicas de ensino durante a pandemia.
O estudo compila as atividades em áreas como práticas pedagógicas, suporte e formação de professores, orientação às famílias, distribuição de alimentos aos estudantes e estratégias para combater o abandono escolar e as defasagens de aprendizagem. Foram levantadas ações de 249 secretarias de Educação, sendo 232 municipais e 17 estaduais, de 23 Estados de todas as regiões do Brasil.
O levantamento foi apresentado pelo conselheiro Cezar Miola, presidente do Comitê Técnico de Educação (CTE-IRB), e pelo sócio-fundador do Iede, Ernesto Faria. A apresentação ocorreu durante um webinário, transmitido pelo canal do comitê no YouTube e foi dividida em dois painéis: “A Importância das Ações das Redes de Ensino Visando a Minimizar os Prejuízos Causados pela Pandemia” e “ Ações das Redes Durante a Pandemia e as Estratégias no Retorno às Aulas”.
Cezar Miola explicou que “o Estudo traz informações importantes no aspecto pedagógico, mas também no administrativo, financeiro e gestão de pessoas e com ele práticas poderão ser adotadas para diminuição de impactos negativos gerados pela pandemia na vida dos alunos”.
TCE/TO
Do Tribunal de Contas do Tocantins (TCE/TO), participaram da realização do estudo a coordenadora de Auditorias Especiais do TCE/TO, Lígia Cássia Braga, e a auditora de Controle Externo Cláudia Elizabeth de Oliveira Vieira. Lígia informou que o trabalho revela dados importantes para que as secretarias de Educação possam adequar ações no sentido de garantir que o ensino esteja ao alcance de todos os alunos da rede. Ela explica que o grande desafio é que as crianças e adolescentes estão em casa, fora do ambiente escolar. “Não podemos pensar somente no desafio pedagógico que temos que enfrentar, as escolas precisam se preocupar em continuar mantendo contato com os alunos elegendo canais de comunicação eletrônica, virtual, e quando possível, de modo presencial”.
Comunicação
Luiz Miguel Garcia, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e Evandro Borges Arantes, membro do Conselho Nacional de Educação (Consed), participaram do webinário e colocaram como uma das principais preocupações com a pandemia, a perda do vínculo entre professores, alunos e responsáveis por eles.
O representante da Unicef, Ítalo Dutra, também participou do evento e dentre as pontuações sobre os reflexos da pandemia na Educação citou o contato contínuo da escola com o aluno e a “buscativa” para os casos dos que desistem. Segundo ele, há os casos de evasão e abandono escolar que ocorrem de forma tradicional e os novos que são decorrentes da pandemia. “Muitos foram afetados de forma econômica, por terem que trabalhar para ajudar suas famílias, e muitos não têm estrutura necessária para o ensino à distância utilizando internet. Temos uma parceria com a Undime na busca desses alunos, tentando evitar que eles abandonem os seus estudos”, explicou.
Outro fato, que segundo Ítalo gera uma evasão maior, são as falsas notícias de que “o ano está perdido”. Ele diz que muitos pais e alunos estão “ouvindo falar que o ano já está perdido e por isso só retornarão às escolas no ano que vem. Isso não é verdade e tem gerado muita dificuldade na Educação”, argumentou.
Estratégias
As secretárias de Educação Adriana Aguiar, do estado do Tocantins e Angeliete Veras, do município de Barroquinha (CE) também participaram do webinário expondo as estratégias utilizadas para garantir aos estudantes o direito ao ensino.
No Tocantins, os alunos das redes públicas estadual e municipal estão sendo atendidos por ações via internet, aulas por meio de emissoras de televisão pública local e pelo modelo remoto que consiste na entrega aos estudantes, de material preparado pelos professores, com data para devolução de atividades realizadas em casa, sob monitoramento dos responsáveis.
De acordo com a secretária Adriana, a estratégia foi pensada prioritariamente na diversidade da população do Estado, considerando os alunos indígenas, quilombolas, das escolas rurais, dos centros urbanos estaduais e municipais.
Resultado
O resultado do Estudo pode ser conferido na íntegra no site do IRB. Dentre os dados coletados, destacam-se que 39% das redes municipais disseram que estão ocorrendo formações para os professores desenvolverem atividades à distância; das 17 secretarias estaduais, 14 declararam que oferecem algum tipo de formação. Na região Norte do país 24% das redes municipais não criaram estratégia para evitar o abandono escolar no período de volta às aulas.
Do total de redes municipais, 82% têm alguma estratégia para oferecer aulas ou conteúdo pedagógico aos estudantes durante a pandemia e 18% não têm; 100% das redes estaduais analisadas disseram que oferecem algum tipo de atividade não presencial no momento.
O principal meio de comunicação entre as escolas e alunos é o aplicativo Whatsapp, inclusive para o envio de material aos alunos e responsáveis, de acordo com o estudo. Em todo o Brasil, 16% das redes municipais não estão se preparando para a retomada das aulas.
Volta às aulas
Estratégia para o retorno às aulas é um dos levantamentos do estudo e alguns gestores planejam suas ações. O presidente da Undime avalia como preocupante, pois, segundo ele, as escolas terão gastos com o retorno. “Serão necessários equipamentos de proteção para professores e alunos, material de desinfecção e uma ação específica na “buscativa” aos alunos que não comparecerem”, alertou Luiz Miguel.
A secretária do Tocantins informou que o retorno no estado está sendo programado para o próximo mês de agosto, com a volta dos alunos da terceira série do Ensino Médio; final de agosto para os alunos da segunda e primeira série e setembro para os estudantes do ensino fundamental de primeiro ao nono ano.
Esse estudo foi aplicado entre os meses de maio e junho deste ano por meio de questionários on-line e entrevistas via telefone ou videoconferência.
Para acessar o vídeo do webinário de apresentação do estudo, clique aqui. Para ver o resultado, acesse esseli link.
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